quinta-feira, 29 de novembro de 2012

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR "RAIMUNDO REIS" - NEP/BENGUÍ.


NEP: A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO SOCIAL.

O Núcleo de Educação Popular Raimundo Reis (NEP), é uma entidade de caráter popular, sem fins lucrativos, fundada em 23 de outubro de 1989, que funciona no Bairro do Benguí. Teve sua origem em 1985 quando um grupo de educadores populares, preocupados com altos índices de analfabetismo, deu inicio ao processo de alfabetização de jovens e adultos no bairro, através dos Círculos de cultura, com propósito de enfrentar situações de abandono e exclusão social no bairro do Benguí e adjacências, em especial, entre jovens e adultos em situação de analfabetismo e vulnerabilidade social.

Desta forma, o NEP vem atuando na área da educação, tendo como eixo norteador de suas ações políticas pedagógicas, pautada em experiências de educação popular, numa perspectiva freiriana que há mais de 20 anos se constitui em uma ferramenta de organização e participação popular em contexto de comunidade em defesa e promoção dos direitos de crianças e adolescentes, jovens e adultos do bairro do Benguí e adjacências, em especial, dos que vivem socialmente excluídos de acesso aos bens e serviços socioculturais como direitos básicos de cidadania plena.

Como base desses princípios socioculturais, a educação de jovens e adultos tem sido o marco legal das linhas de ações, que ocorre através do fomento de práticas de leitura, alfabetização e acesso a outras formas de culturas que fundamentam a área da educação como um direito social constituído, conforme preconiza a Constituição Federal/88 e a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDBEN/96.

Nesse sentido, contribuir com o processo de organização cidadã dos moradores do bairro do Benguí, a partir da formação inicial e continuada de educadores populares, professores, lideranças sociais que atuam na área da educação em escolas, pastorais, grupos culturais e comunidades locais e adjacentes, bem como desenvolver ações de apoio e estimulo a elevação da escolaridade, utilizando a informática educativa, enquanto instrumento de inclusão digital, incentivando a leitura, pesquisas e produções textuais e alfabetização tecnológica como espaço de diálogo e formação socioeducativa e de comunicação social. E, portanto, potencializar o espaço pedagógico da sala do Centro de Inclusão Digital e Sala de Leitura existente no NEP, enquanto instrumento socioeducativo e cultural a fim de resgatar e valorizar a identidade sociocultural da Amazônia paraense, em interfaces com as memórias e saberes da comunidade local.

  Partindo desses princípios, a coordenação do NEP tem buscado empreender esforços na construção da construção de espaços de diálogo, acesso a cultura e cidadania como forma de articulação de parceria com instituições acadêmicas, a exemplo do Instituto de Ciências da Educação – ICED e Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo na Amazônia – GEPERUAZ/UFPA e entidades da sociedade civil organizada do bairro e de outros segmentos afins, no intuito de fortalecer as experiências de educação popular como instrumento de formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos do bairro do Benguí, privilegiando os que moram em espaços exíguos e não tem onde estudar ou que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social.

De fato construir possibilidades de acesso à educação que promova o desenvolvimento humanizado das relações socioeducativos e culturais, na perspectiva de uma educação cidadã, capaz de promover a formação integral de sujeitos críticos e conscientes do seu papel na sociedade.

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO EM FOCO


A EDUCAÇÃO EM FOCO COMO UM DIREITO SOCIAL BÁSICO E CONDIÇÕES PLENA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA.
Educar não significa dizer que ocorre só na instituição escolar, mas em diferentes espaços da sociedade, uma vez que este fenômeno se manifesta em diferentes contextos sociais e no modo de vida em sociedade. Assim como a luta por educação de qualidade no Brasil há décadas vem se constituindo como um movimento dialético, participativo, complexo e cheios de desafios, onde diferentes atores sociais se propõem empreender esforços em defesa de condições digna de educação enquanto um instrumento de cidadania.

Desta forma, contextualizar a educação com base nos direitos humanos frente às exigências da sociedade atual. Foi com base nesses princípios, a UNIPOP: Universidade Popular da Amazonia, realizou no dia 13 de novembro de 2012,  o primeiro ciclo de seminario: participação e controle da política educacional no Estado do Pará. 

O evento mobilizou diversos segmentos da sociedade civil organizada que discutem atuam na área da educação e entendem esta como um direito social conforme preconiza a Constituição Federal e aLei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Pois considera-se que a luta por educação de qualidade pressupoem um padrão de sociedade justa, cujo desenvolvimento possa  promover uma cultura socioambiental sutentavel na Amazônia.

Partindo desse foco, analiazar situações problemas que afetam a qualidade de vida das populações da região. Assim a analise da pesquisa “Ampliando Capacidades Técnicas e Políticas”, desenvolvida pela UNIPOP, apresnetou  resultados contudentes da relaidade local e global e considera haver muitos desafios e grandes incidências na politica educacional decorrente das desiguladades sociais vivenciadas na região amazônica.

Frente a esses desafios, também aponta situações como a violência, desmatamento, a exploração de bauxitas em Juruti, Belo Monte, a privatização de rios e a disputa de territórios no Estado do Pará. Realidade esta, que decorre do aumento do agronegocio e emprendimentos forjados na logica do latifundio tendo como consequencia situações de abandono, pobreza, exclusão e a desvalorização do papel politico, social e cultural  dos movimentos sociais.

Com base nessa leitura da realidade local, també se observa o fortalecimento da concepção ideólogica do sitema neoliberal, com grandes impactos ambientais, analfabetismo que atinge 11% da população, sendo em média 900 mil pessoas, assim como o aumento da criminalização dos movimentos sociais.

Em relação a temática educação, a necessidade de resgatar a dimissão política e cultural da educação como um direito social básico. Ainda assim, os questionamentos ocupam um papel de destaque sobre a missão e atuação dos atores sociais e, portanto, do papel do Estado, visto que se verifica a ausência de políticas públicas de qualidade e ainda, fatos e crises que interferem na política de educação tendo como pano de fundo a disputa pelo poder, valores que resignificam a ideologia dominante e de restruturação do capitalismo.

No plano nacional, há indicativos de que os indices são ainda muito baixos de matriculas na educação superior no Brasil, assim como de desvalorização do profissional da educação. Na política de Estado de educação segundo Luiz Miguel/SEDUC/PA, a previsão de administração das escolas passa a ser meta do governo para os próximos 20 anos, mas o objetivo da administração deve se dá numa lógica de gerência política administrativa e pedagógica e não mais de gestão participativa.

Nesse sentido, a SEDUC está contratando empresas privadas para trabalhar a formação os gestores de escolas pautado numa lógica empresarial e afirma que as escolas de tempo integral estão funcionando em 10 escolas da área metropolitana. Mas sabe-se que estas escolas enfrentam situações complexas e precárias de funcionamento.

Em 2010 o Estado do Pará aprovou com a participação da sociedade civil organizada, o Plano Estadual de Educação válido por 10 anos. Mas o que se se verifica é o descaso com a política de educação. O Estado abandonou as séries iniciais com a política de municipalização, não tem política pública voltada para a educação infantil, de fato, são situações que interfere na qualidade de vida da população.

Nesse contexto, apesar da educação ser um direito social básico, é ainda colocada em segundo plano conforme as analises apresnetadas no seminário. No Estado, apenas 40 municipios tem condições de gestar a educação, os demais municípios não, com isso outras situações vão se agravando como a questão de desvio de verbas públicas, em especial nas áreas de saúde e educação.

Em relação a educação do campo, as condições não são diferente da área urbana, visto que as condições de acesso a educação são precárias e vivenciam situações de abandono e exclusão social e do aumento da valorização do privado em detrimento da escola pública, questões que incedem em fragmentação das políticas de educação básica.

Desta forma, a política de Educação de jovens e adultos corre pautada em valores e processos  fragmentados e descontinuos, onde não é levado em conta a realidade, sabres e necessidades dos educandos. Também a conjuntura nos impoem o aumento do individualismo ao invés de acesso a informação, comunicação e articulação como marco regulatório da sociedade vigente.

Partindo dessa análise, os empresários também se posicionam e criticam os investimentos feitos na educação. No plano da educação não há interesse por parte de governos ou palamentares e se não houver resistência por parte das populações da região, muito pouco será feito no sentodo de mudar essa realidade de precarização da educação.

Considerando essa a realidade local, é necessario se levar em conta o que ocorre na Amazonia: o aumento da violência e precarização dos direitos humanos e, por conseguinte, do aumento das desigualdades sociais no campo ou na cidade. Fato que nos remete a enfrentar desafios e lutar por educação de qualidade, onde as pessoas possam ter capacidades de desvelar saberes, compartilhar sentimentos e resolver sua própria vida, intervindo na sociedade em defesa de sues direitos sociais.

Em analise feita pelo coordenador geral da Campanha Nacional pela Educação – a educação é um direito que mobiliza outros direitos sociais, sendo portanto, a base do desenvolvimento humano. No cenario Nacional analisa que o Brasil avança mais ainda com muitas desigualdades sociais, em especial nas questões regionais, gênero e raciais. Pois os padrões de mudanças socioeconomico no Brasil indicam que o campo de desigualdades é maior que a renda. Para o coordenador, a previsão é de que o Brasil em 2040 será um pais de adultos e idosos, isso significa que educação é vida ou ritmo de vida no futuro. Conclui-se então que sem investimentos reais na educação, não haverá possibilidades de um padrão minimo de qualidade de vida e respeito aos direitos humanos. Sendo assim, o nosso maior desafio, é empreender esforços no sentido de melhorias da qualidade da educação como condição de respeito a vida de homens e mulheres enquanto sujeitos de direitos. E, panos. Portanto, capacidade de intervenção na sociedade, investir no controle social, na politica de participação como possibilidades reais de enfrentamento das desigualdades sociais.
 
Maria do Livramento Ferreira de Aviz, Pedagoga, Especialista em Educação do Campo, Desenvolvimento e Sustentabilidade. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo – GEPRUAZ/UFPA e coordenadora do Núcleo de Educação Popular “Raimundo Reis” NEP – Benguí, Belém/PA.